RESUMO Neste trabalho, analisamos as práticas de letramento acadêmico de estudantes universitários afrodescendentes e indígenas que ingressaram em suas instituições por medidas de ação afirmativa. A pesquisa consiste em estudo de caráter qualitativo, cujo corpus é composto por entrevistas com estudantes e docentes e os trabalhos de conclusão de curso produzidos por esses estudantes, em duas universidades latino-americanas - uma brasileira e outra colombiana. Neste cenário de políticas que buscam promover a interculturalidade na educação superior, destacamos que os estudantes empregam estratégias criativas para subverter as relações de poder e a colonialidade do saber, por meio de estratégias como a autoetnografia, transculturação, crítica, colaboração, bilinguismo, mediação, denúncia, expressões vernáculas, propostas alternativas e reconstrução de imaginário. A análise destas estratégias identifica processos de apropriação, subversão e reexistência, nos quais foram constituídos modos de usar a linguagem criados pelos estudantes para subverter a colonialidade do saber em suas trajetórias de letramento acadêmico.
ABSTRACT In this work, we analyze the academic literacy practices of afro-descendent and indigenous university students who entered their institutions through affirmative actions. This research consists of a qualitative study, which is composed of interviews with students and teachers, as well as the students’ undergraduate thesis in two Latin American universities. In the scenario of intercultural policies in higher education, we emphasize ways in which students employ creative strategies to subvert power relations and the coloniality of knowledge, through strategies such as autoethnography, transculturation, criticism, collaboration, bilingualism, mediation, denunciation, vernacular expressions, alternative proposals and reconstruction of the imaginary. The analysis of these strategies identifies processes of appropriation, subversion and re-existence, in which ways of using the language created by students were constituted to subvert the coloniality of knowledge in their trajectories of academic literacy.